Escrito por: Cláudio Moreira
Os sintomas estavam à vista, o funeral já estava a ser preparado pelos mesmos de sempre, mas o FC Porto ainda não morreu. O estado de saúde ainda é vulnerável, mas nas últimas duas partidas os sinais foram animadores, sem que, porém, alguns vícios ainda se mantenham, sobretudo nas zonas recuadas do terreno.
O FC Porto goleou um adversário acessível e fez uma partida muito boa frente ao Nápoles, actualmente o segundo clube mais bem-sucedido em Itália. Mais: ganhou um jogo europeu em casa e não sofreu golos, algo que não acontecia desde que farmácia se escrevia com ph, passe o exagero.
Os resultados são, do meu ponto de vista, o objectivo fundamental de uma equipa. Já aqui o disse: prefiro jogar mal e ganhar sempre do que jogar bem e perder sempre. Mas isso não invalida que se possa juntar o útil ao agradável, ou seja, jogar bem e ganhar. E nestes dois últimos jogos, sob a batuta de Luís Castro, é por demais evidente a mudança de atitude nos jogadores. Há outra alegria em jogar, outro comprometimento, uma maneira mais evoluída de encarar o jogo em comparação com o antecessor Paulo Fonseca, cujo prazo de validade já se havia esgotado há muito. E, assim, a tarefa de vencer torna-se mais facilitada.
Os jogadores estão mais espevitados e isso reflecte-se também na atitude dos adeptos, sobretudo naqueles que não desistem e ainda gostam o suficiente para ir ao estádio. Há um mês, quando subia a escadaria de acesso ao Dragão notava nas pessoas um semblante carregado, poucos sorrisos. Os adeptos entravam tristes e saíam macambúzios de palavrão em riste, cada vez mais vergados devido ao paupérrimo futebol praticado em consonância com resultados degradantes. Hoje respira-se melhor, há outra confiança, sente-se aquele friozinho na barriga, a ansiedade de esperar que o FC Porto faça um brilharete!
Bem sei que ainda é cedo para tirar conclusões, para dizer que está feita um revolução e que quem vier a seguir morre. Ou que as 3 taças que estão em disputas vão ser nossas. Não, não me atrevo a tanto. Claro que quero ganhar tudo e tenho expectativas que isso aconteça, mas não se pode dar um passo maior do que a perna. O FC Porto vem daquela que deve ser a sua pior fase da última década, pelo que é prematuro e imprudente traçar cenários mirabolantes.
Luís Castro entrou e fez aquilo que lhe competia, que era tentar inverter o ciclo negativo que se vinha arrastando. Para já conseguiu e não foi preciso fazer muita coisa. Harmonizou a defesa, devolveu a estrutura habitual ao meio-campo (Defour parece outro jogador) e está a fazer com que Quintero e Ghilas, para já, tenham mais tempo de jogo e sejam opções credíveis caso tenham que ser titulares. Não se lhe pode pedir muito mais neste momento, tendo em conta a má preparação que foi esta época. Tudo o que vier será bem-vindo. Acreditemos no trabalho de Luís Castro.
Por fim, devo dizer que tenho genuíno desgosto por um tipo porreiro como Paulo Fonseca não ter vingado. Morreu agarrado às suas ideias e foi demasiado teimoso em não ter reconhecido que estava errado mesmo tendo-lhe sido dados vários votos de confiança por parte da administração. Paciência. Que possa mostrar aquilo que sabe noutro clube e que tenha os maiores sucessos… desde que não colidam com o êxito do FC Porto, claro!
Nota 1: Quem nasceu para lagartixa nunca chega a jacaré. Um ditado que assenta na perfeição a Jorge Jesus. Um homem que por muito bom que seja na sua função (embora os resultados o desmintam) jamais terá classe e um comportamento condizente com o clube que representa. A parte dos três dedos ainda dou de barato, já a parte em que gesticula, empurra e berra com o próprio adjunto e com históricos do Benfica como Rui Costa e Shéu é demonstrativa do carácter abominável de Jesus. Mas o que poderíamos esperar de alguém que tem guarida dos seus superiores quando agride jogadores adversários e forças de segurança…?
Nota 2: Sou uma pessoa com bastante paciência. Porém, começo a ficar inquieto com as contantes palermices vindas de Alvalade. O Sporting é prejudicado, Bruno de Carvalho bota faladura. O Sporting é beneficiado, Bruno de Carvalho bota faladura. O Sporting e o adversário são prejudicados e beneficiados, Bruno de Carvalho bota faladura. Todo o mundo está em silêncio, Bruno de Carvalho bota faladura. Enquanto escrevo este texto, Bruno de Carvalho bota faladura. Já chateia esta estratégia de vitimização, de que os bichos-papões (o sistema!) não deixam o Sporting ganhar. E agora, através do 4328.º comunicado da temporada, o clube anuncia que vai agir junto da UEFA e da FIFA. Absolutamente ridículo para quem ainda se classifica como um clube grande.
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