Escrito por: Duarte
Bastaram algumas semanas de trabalho e cinco jogos ao comando do tri-campeão português para que Luís Castro conseguisse, repentinamente, desatar aquilo que aparentava ser um conjunto de nós cegos. De forma repetida, a ideia com que a família portista foi convivendo durante praticamente toda a temporada era a de que a qualidade do plantel estava a anos-luz daquela a que todos estavam habituados. Para alguns, nada parecia fazer sentido no Porto desta época: desde as contratações, até à disposição táctica com que a equipa se apresentava encontro após encontro.
De facto, seriam poucos aqueles que, há não tão pouco tempo quanto isso, diriam sem pestanejar que este FCP conseguiria eliminar o Nápoles, fazendo-o ainda por cima de um modo tão personalizado, aguerrido e convincente nos dois desafios. Muito menos seria expectável que os dragões lograssem elevar ainda mais os seus índices qualitativos, a ponto de revelarem tamanha superioridade em campo frente à “Instituição de Portugal”. O resultado de 1-0 é curto para o que se passou dentro das quatro linhas, mas se aquela atitude – e a qualidade da arbitragem, já agora – se mantiver para a segunda mão, não creio que “A Instituição” consiga marcar dois golos sem, pelo menos, sofrer um.
Vendo bem, o treinador azul e branco limitou-se a proceder a modificações evidentes, mas que permitiram aos jogadores sentirem-se muitos mais confortáveis em jogo. O duplo-pivot no meio-campo desapareceu e, a partir daqui, Fernando voltou a ser um polvo livre e os dois médios mais adiantados, sejam eles quais forem, respiram melhor. Por inerência, o ataque é mais bem servido e o quarteto defensivo é auxiliado devidamente, quando o adversário recupera a bola. Ao mesmo tempo, Quintero e Ghilas assumem-se como alternativas reais e não apenas como opções em desespero de causa. Também Diego Reyes (sobretudo este) e Herrera parecem querer, a pouco e pouco, demonstrar em definitivo as credenciais com que chegaram do México.
Como referi, Luís Castro não descobriu a pólvora e, realmente, mais não fez do que simplificar aquilo que, durante demasiado tempo, foi complicado. Só que até para facilitar o que agora é claro – mas que, recorde-se de novo, parecia um pesadelo sem fim recentemente – são precisas características fundamentais como competência e sagacidade. Mérito a quem o tem e o técnico portista tem muito, a ponto de haver já quem levante a hipótese da sua continuidade no final da época.
Posto isto, é preciso contudo relembrar que o FC Porto não só ainda não ganhou nada, como tem já o campeonato perdido. O que, nesta altura, é de saudar é o “renascimento” do melhor clube português para o que resta da época e a injecção de moral e confiança que os adeptos receberam.
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