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O Futebol à distância de um clique

A última Coca-cola do deserto!

Escrito por: Rui Fiel

Em semana de seleção nacional, os convocados de Jorge Mendes (ou do Senhor Bento, como preferirem) mostraram mais uma vez que o nosso futebol peca pela ineficaz utilização dos seus recursos. Amiúde, a nossa conceituadíssima comunicação social coloca nos escaparates e em grandes parangonas o começo do fim do futebol luso, evocando a falta de craques que consigam calçar as chuteiras que foram outrora da geração de ouro, a única que parece ter existido no futebol luso…

A coisa é recorrente. Acaba-se com um Figo e à que tentar descobrir logo outro, sucedendo-se o mesmo com os Rui Costas, Pauletas e Fernando Coutos desta vida.  É assim que, infelizmente, vivemos o futebol de formação em Portugal.

Não sendo um cenário preocupante nem tão pouco apocalíptico como querem fazer querer, até porque a nossa história futeboleira é fértil em craques na verdadeira aceção da palavra, não deixa de ser um cenário tristonho e até um pouco cinzento.

De à uns tempos a esta parte, a discussão passou a centrar-se nas camadas jovens (dos três grandes claro) e de que forma se poderiam potenciar os jovens que por lá andavam. A coisa não tem corrido bem, sendo que já nem aos Europeus de Sub-21 conseguimos ir, mas isso será mais pelo “tachismo” federativo, que teima em continuar numa de favores a treinadores pouco ou nada prestigiados, do que propriamente com os nossos “miúdos”.

As regras, leis ou sugestões eram e são muitas, mas nunca passaram do papel para a prática. Até que alguém se lembrou das equipas “B”, outrora clubes satélite, com o fim que se conhece. Tudo muito bonito, seis equipas com inclusão direta na II Liga, sem possibilidade de subida mas podendo descer, certo Vitória? A coisa não começou promissora, até porque havia mais clubes interessados em ter os seus excedentários, perdão os seus jovens, colocados do que vagas para esses mesmos clubes. Lá ficou o Nacional com mais um favor para cobrar daqui a uns anitos… Não começou promissora nem tão pouco irá acabar. As equipas, aquelas a sério que lutam por um lugar entre os grandes nacionais e que semanalmente tem mesmo algo a perder, viram-se agora a competir no meio de miúdos bons, mesmo muito bons de bola, que de um dia para o outro podem estragar o sonho de uma subida ou precipitar uma descida.

O ano passado os clubes que decidiram utilizar este recurso das “B” foram até demasiado fiéis ao que o projeto preconizava, utilizar os seus jovens saídos da formação oferecendo-lhes minutos competitivos junto de jogadores de barba rija que sempre militaram na II. Quem mais beneficiou foi inclusive o Sporting Clube de Portugal que, na PIOR ÉPOCA DE SEMPRE DA SUA HISTÓRIA, foi recrutando recursos junto da sua equipa alternativa que ainda amenizaram um pouco o descalabro da principal. Porto e Benfica também viram os seus jovens crescer, com algumas diferenças, visto que as suas equipas principais mantinham um nível competitivo alto, só permitindo raras vezes a inclusão de jovens da formação nos seus convocados. Os restantes não me parecem ter tirado grandes dividendos desta escolha, tirando o CS Maritimo que continua a fazer uma boa rotatividade dos seus jovens.

O fenómeno “B” sofreu contudo uma mudança de paradigma em apenas um ano. Os camiões de jogadores passaram a ser triados. Os promissores para a “B”, para ganhar minutos e explodir na principal, os desconhecidos para a “B”, de forma a se adaptarem, todo e qualquer tuga para a “B”, só mesmo por uma questão de número e inscrições relacionadas com a UEFA, os extra comunitários para a “B”, porque sim, enfim… Só mesmo os grandes craques, aqueles que ninguém tem dúvidas que vão singrar, é que são apresentados como reforços da principal. Conclusão, as “B” passaram a ser o depósito dos jogadores não desejados por treinadores e diretores, eliminando qualquer possibilidade competitiva que as suas jovens promessas tinham inicialmente previsto.

No meu Sporting a coisa está feia. A “B”, que o ano passado era uma bastião leonino de promessa num futuro melhor, passou a ser a ETAR do clube. Quem recebe muito e não quer diminuir o salário treina na “B”, quem foi mal contratado e nunca deveria envergar a verde e branca listas vai para a “B”, os da principal que não calçam na Liga vão dar uns chutitos na “B” e entretanto promessas como João Mário, Ricardo Esgaio e tantos outros passam a ser aquilo que já eram antes disto tudo, promessas que não têm competição e que terão invariavelmente que ser emprestados aos Fátimas desta vida se querem jogar com regularidade…

Para concluir, porque esta semana estou mesmo muito chato, era importante que o meu Presidente abrisse os olhos e que realmente desse guia de marcha a quem não interessa ao clube. Sejam promessas marroquino-holandesas que não jogam um charuto, sejam os Welders ou Magrões que não interessam ao menino Jesus… O Sporting sempre formou grandes talentos, tem vários títulos no futebol de formação e finalmente abriu os olhos para a realidade de que sem dinheiro não pode haver vícios, e que com 7(!!!) jogadores da formação semanalmente na sua equipa principal consegue estar a apenas dois pontos do primeiro classificado.

Tem-se feito um ótimo trabalho diretivo e técnico esta época, mas espero que não sejemos os primeiros a desistir desta iniciativa das “B”, só porque este anos até estamos melhor e já não recrutamos tantos jovens como no ano transato. Porque as equipas “B” não estão para durar, digo eu, que ao menos enquanto durarem sejam para os nossos miúdos, pelo Sporting  e porque não dizê-lo, por Portugal.

 

SL

 
 

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