Escrito por: Duarte Pernes
E vão três desafios sem vencer para o campeonato. Disputaram-se seis jornadas e o FC Porto soma uma média de um ponto perdido por jogo.
Isto por si só não tem de ser visto com desespero, mas claramente falta melhorar muito e em muitos capítulos para que se dissipem erros fatais. Ontem, em Alvalade, a repetição de um deles: má abordagem do jogo e do adversário. Os dragões não foram felizes ao sofrer o golo logo no início, mas a reacção foi inexistente até final do primeiro tempo. A dupla Casemiro/Ruben Neves voltou a demonstrar que não funciona. Não que estes dois jogadores em si não tenham qualidade, mas simplesmente não se conseguem entender quando actuam em simultâneo, sobretudo o jovem português, que vale muito mais como trinco, do que enquanto médio de transição. Além disto, Jackson e Brahimi andaram demasiado tempo sozinhos lá na frente e o esforço de um voluntarioso Herrera não bastou. A conclusão principal é o marasmo ofensivo que foram os primeiros quarenta e cinco minutos, onde não houve nenhuma oportunidade de golo azul e branca e que foram oferecidos de bandeja ao adversário.
Na segunda metade, Lopetegui alterou o paradigma do encontro. Colocou Óliver e Tello nos lugares de um Rúben Neves deslocado da sua posição natural e de um desinspiradíssimo (como é usual) Ricardo Quaresma. O Porto entrou finalmente no jogo, conseguindo dominá-lo e chegando com justiça ao empate. O problema é que já tinham passado quarenta e cinco minutos e, para mudar a tendência favorável ao Sporting, foi preciso gastarem-se as substituições. A partir daqui não houve tempo, nem capacidade anímica para mais.
Decididamente, as entradas demasiado expectantes do conjunto portista têm sido o seu calcanhar de aquiles. Não é de agora. É um mal que vem de há três épocas para cá, mas com uma particularidade que torna este facto mais difícil de contornar: é que se o ano de Paulo Fonseca não pode servir de comparação para nada e as equipas de Vítor Pereira apresentavam um grande entrosamento pelo tempo que aqueles jogadores já levavam a jogar juntos, agora há várias caras novas. São mais de quinze futebolistas que entraram para esta temporada, que precisam de tempo para formar um colectivo e que estarão mais permeáveis se as coisas não correrem, logo de início, bem.
Cabe a Lopetegui integrar-se e adaptar-se, também ele, a um campeonato novo e que comporta especificidades diferentes das da liga espanhola. Aqui, a maior parte das equipas procura sobreviver quando defronta algum dos denominados grandes. A elas não lhes interessa jogar, interessa-lhes ver o tempo passar e as suas enormes muralhas defensivas só ruirão como um castelo de areia quando sofrerem o primeiro golo. Tivesse isso acontecido contra o Boavista, no Dragão, e o empate de Alvalade seria aceite de uma outra forma. Tão simples e linear quanto isto, pelo que convém que o FC Porto crie uma identidade futebolística que até pode ser baseada na posse, mas que tem de permitir entrar com tração declaradamente à frente, desde o apito inicial.
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