A Laranja Mecânica avariou
3 min readMuitos dos amantes do futebol ainda não se encontram a par das alterações na qualificação para o Europeu. As novas regras dizem que entram na qualificação 53 países, divididos em nove grupos de cinco ou seis equipas. São apurados os vencedores dos 9 grupos, os 9 segundos classificados e o melhor terceiro, os restantes oito terceiros classificados disputam um play-off para determinar os últimos quatro apurados. No total serão 24 selecções que irão disputar o Europeu. Desses 24 constam já França, República Checa, Inglaterra, Portugal, Espanha, Suíça, Áustria, Itália, Bélgica, Roménia, Alemanha, Polónia, Rússia, Croácia e Turquia. Como estreantes temos a Islândia, Albânia, Eslováquia, País de Gales, Irlanda do Norte. Mais quatro irão confirmar presença após o play-off.
Qual a razão, pergunta o leitor, de explicar a qualificação do Europeu como se andássemos todos na primária? Simples, assim mais facilmente se pode medir o escândalo que é o nome da Holanda não constar nos nomes acima referidos. Sim, é verdade, 36 anos depois a Holanda falha um Europeu no momento em que esse mesmo apuramento era mais fácil. O horror que é imaginar jogadores como Huntellar, Sneijder, Robben e Van Persie não serem capazes de conseguir mais que um 4º. lugar no grupo de apuramento faz refletir que algo de muito mau se passa, quer na federação Holandesa, quer no seio da equipa. O principal culpado, apontado pelos media holandeses, é o treinador Danny Blind, no entanto, este já veio a publico esclarecer que não se pretende demitir, e ainda aponta algumas culpas dizendo: “Não somos a Alemanha ou a Espanha. Não temos como eles um reservatório de jogadores. Somos a Holanda e tenho de trabalhar com o material que tenho à disposição. Quando assumi funções, sabia que tínhamos quatro finais para disputar, mas não tive muito tempo para pôr as coisas no lugar”. Perante tais declarações, é possível adivinhar que o futuro da Laranja Mecânica não será fácil: o treinador não se demite, mas provavelmente isso irá acontecer, e as grandes estrelas da equipa passam por momentos de forma terríveis e adivinha-se o fim das suas carreiras internacionais. Van Persie (recorde-se auto-golo ridículo frente à República Checa) anda literalmente a passear pela Turquia; Robben perde espaço no Bayern de Munique para Douglas Costa; Sneijder com uns quilos a mais não demonstra a qualidade de outros tempos. Soluções? Um nome emerge, Memphis Depay. Neste início de época, o novo craque do Manchester United tem deslumbrando e é visto como uma “lufada de ar fresco” na equipa dos holandeses, o prólogo de uma renovação adiada, mas mais que necessária. No início assim foi, o extremo desequilibrou, porém, no decorrer dos jogos a sua forma começou a cair, motivando já diversas críticas às suas prestações dentro e fora dos relvados.
O futuro não parece ser risonho. A Holanda tem de se renovar e ultrapassar esta crise para o bem do futebol europeu. A Holanda tem ser capaz de criar novos jogadores, novas estrelas. Capaz de ultrapassar crises e relembrar que não foi a única a passar por esta situação. A Inglaterra já falhou o Campeonato do Mundo em 1974 e em 1994, a França falhou também em 1994 ao perder o último jogo com a Bulgária em casa. A Itália também não marcou presença no euro 84 e nas suas fileiras constavam nomes como Carlo Ancelotti, Franco Baresi e Antonio Conte.
Assim, a Holanda terá de escolher um novo caminho, distante daquele que percorreu nos últimos anos e com alguma dificuldade e muito trabalho poderá voltar a honrar a seleção de 1974, a famosa Laranja Mecânica.