A estranha Primeira Liga, as possibilidades e o futuro de Jesus
Escrito por: João Pereira
Querida Primeira Liga, dirijo-me a ti na primeira pessoa pois, tal como é estranho estar a assumir que és um ser animado, tens, igualmente, sido muito estranha esta época. Vejamos, então, os factos mais “estranhos” que nos tens apresentado. Em primeiro lugar uma luta taco-a-taco, ponto a ponto, como há muito não se via entre os dois clubes mais fortes em Portugal nos últimos anos, que, para além dessa luta, se encontram, estranhamente, destacadíssimos das restantes equipas. Ainda mais estranho que isso é esses mesmos dois clubes, apesar da hegemonia, terem escorregado os dois na mesma jornada e sentirem, agora, dificuldades contra equipas que estão distanciadas de si por dezenas de pontos, como foi exemplo este último fim-de-semana. Por outro, lado temos um grande completamente destroçado, que apesar de nas épocas anteriores estar arredado da luta pelo título mas mantendo-se sempre entre os 3/4 primeiros lugares, este ano está no 11º lugar, já trocou de treinador imensas vezes, a sua estrutura diretiva está um caos e o objectivo é lutar entre as equipas medianas por um lugar na Europa, estranho! No entanto, imagine-se, este grande despedaçado cometeu a proeza de empatar, no passado sábado, contra o actual campeão nacional e uma das equipas líderes do campeonato. Mas há mais, o Sp. de Braga, que nos habituou a boas classificações, está claramente mais fraco este ano e os seus adeptos parecem não perceber que o Braga ainda não ostenta o nível de um grande descarregando, estranhamente, as frustrações em quem não tem culpa. Por outro lado, cara Primeira Liga, este ano mostraste uma equipa que, por estranho que pareça, foi um completa surpresa desde o teu início e não mostra sinais de estar a decair, falo, claro, do actual terceiro classificado. Também nas descidas deste um panorama estranho, é que do último ao décimo classificado distam apenas 8 pontos.
Em suma Primeira Liga, não faltam mais factores para te considerar estranha, violência nos estádios, equipas a vender jogadores em Janeiro para equilibrar as contas, possibilidade do Boavista voltar a integrar-te e por aí adiante. Já nada estranho são as já habituais polémicas com a arbitragem, mas isso, infelizmente, haverá sempre, a menos que muita coisa mude. Há coisas estranhas não há?
Muito estranho foi o jogo que eu acompanhei a partir do estádio municipal de Aveiro, no Domingo. O começo da partida parecia prometedor para o Benfica, com Lima, logo aos 30 segundos, a ter uma boa oportunidade de fazer o golo. Depois disso o que houve? O golo do Benfica através de um penalti bem assinalado e um jogo horrível, fraco mesmo. O Benfica acomodou-se e o Beira-Mar acabou o jogo com mais posse de bola e com mais remates, tendo uma ou outra situação para empatar, se é certo que também tivemos duas na segunda parte, o Beira-Mar a também as teve. O 4-4-2 com que a nossa equipa entrou estava completamente esburacado no meio campo e laterais defensivas, com Maxi e Melga a fazerem exibições do pior que se viu este ano. Com a entrada de mais um elemento para o meio-campo, neste caso, Carlos Martins, a equipa equilibrou-se melhor e foi mais segura. Foi sofrer a bom sofrer, com laivos de desespero pela exibição mas a verdade é que o Benfica ganhou dois pontos ao F.C. Porto, que empatou com o Sporting.
A grande questão que assolará todos os benfiquistas é: será o Benfica capaz de não perder pontos até ao jogo no dragão, que cada vez se afirma como decisivo? Para que a equipa não perca mais pontos é necessário voltar a jogar como fazia há algum tempo atrás, ou seja, pressionante, com qualidade e intensidade de jogo, sem dar veleidades ao adversário. Se assim não for, arrisca-se a perder pontos onde não era previsto nem desejável e o cenário da época passada pode repetir-se.
Na Quinta-Feira jogaremos contra o Bordéus para os oitavos-de-final da Liga Europa. O adversário não está numa boa base e parece bastante fácil. Considero que o favoritismo está todo do lado do Benfica, mas todo o cuidado é pouco. O Bordéus vai apostar “todas as fichas” na Liga Europa, já que nas competições internas nada tem a ganhar.
Para finalizar, deixo aqui uma opinião bastante pessoal acerca do futuro de Jorge Jesus. Independentemente do que venha a ganhar, que eu espero que seja pelo menos 2 das 3 competições em que está inserido, sendo uma delas, obrigatoriamente, o campeonato, penso que Jorge Jesus deve sair do comando do clube. A equipa necessita de ar fresco, de uma nova maneira de jogar e de um treinador que não tenha medo de arriscar em certos jogadores, mesmo que, como se costuma dizer, “não vá com a cara deles” (Miguel Rosa, Nolito, Luisinho, Carole são alguns dos exemplos disso). Sem dúvida alguma que Jorge Jesus pôs o Benfica a jogar como há muito não se via, mas penso que o seu tempo no clube já passou do prazo. Sou apologista de treinadores que estejam muitos anos à frente de um clube, mas entre um “estilo Ferguson” que ganhe títulos regularmente mesmo que a equipa não seja um portento a jogar futebol e um “estilo Wenger” que jogue muito bem futebol e nada ganhe prefiro, claramente, o primeiro.
A subir: Cristiano Ronaldo. A grande figura do Real Madrid e, neste momento, o melhor jogador do mundo da actualidade. Contribuição decisiva para a vitória na eliminatória da Taça do Rei contra o Barcelona e, no jogo do campeonato, a vitória surgiu depois de CR7 ter entrado.
A descer: Barcelona. A máquina de futebol do Barcelona parece estar, neste momento, emperrada e com falta de óleo. Poderemos falar em crise? Será só uma fase ou o fim de uma era? Conseguirão os culé recuperar? Só o tempo nos dirá.
Saudações Benfiquistas.