A briosa comédia e a tragédia grega
Escrito por: João Pereira
Fazendo uma analogia entre estes dois últimos jogos do Benfica frente a Académica e Olympiakos e o teatro, poderíamos dizer que na primeira parte vimos uma comédia e na segunda uma autêntica tragédia. Comecemos pela comédia. O Benfica deslocou-se a Coimbra, onde tinha empatado nas duas últimas épocas. Até ao primeiro golo do Benfica nada de relevante tinha acontecido e o jogo estava equilibrado. No entanto, o Benfica logrou marcar o segundo pouco depois e tudo ficou mais fácil, gerindo o jogo a seu bel-prazer até ao final, culminamdo num fantástico golo de Markovic. A nota artística ficou de lado, dando lugar ao pragmatismo, à segurança defensiva, apesar do jogo horrível de Cortez, e à eficácia na finalização. Fiquei com boa impressão da equipa, parecendo-me recuperada psicologicamente e mostrando que está a ficar bem “oleada”. Apesar das boas indicações da equipa, estava de pé atrás para o jogo da Liga dos Campeões, pois no jogo do Estádio da Luz, a equipa grega causou muitas dificuldades ao Benfica e agora jogaria em casa, perante adeptos fervorosos. E aqui entra a tragédia. Ontem, a nossa equipa fez um jogo fantástico em termos exibicionais, o que não vale de nada se não vencermos. O Benfica sufocou o Olympiakos, submeteu a equipa grega durante todo o jogo e só teve uma falha defensiva, que foi precisamente no lance do golo. Antes e depois, o Benfica teve inúmeras oportunidades de golo, sempre salvas por um Roberto que confirma o que já se sabe dele, péssimo fora dos postes e excelente dentro deles. Foi mais um duro golpe para uma equipa que não merecia tamanho castigo dos deuses do futebol. Uma única falha defensiva e várias falhas na finalização resultaram na derrota do Benfica, contra uma equipa que, em dois remates à baliza, fez um golo. O futebol é assim, injusto e frio. Á semelhança do fim da época passada, voltamos a provar o sabor amargo da injustiça e a próxima fase da Liga dos Campeões começa a ser uma miragem. O jogo de ontem chegou a parecer o Portugal-Grécia do Europeu de 2004, com Portugal (Benfica) a jogar e a falhar e a Grécia (Olympiakos) a marcar e a defender-se o resto do encontro.
O que conta no futebol são mesmo os resultados, e é um facto que de pouco vale um domínio claro sobre a equipa adversária se não se alcançar a vitória. No entanto, o que se poderá retirar dos dois jogos acima referidos? Diria eu que podemos retirar coisas boas. No campeonato, a vantagem diminuiu face ao primeiro lugar. O Benfica surgiu com segurança defensiva e com um jogo sólido venceu a Briosa. Já na Liga dos Campeões, a equipa fez uma exibição deliciosa, como não se via desde o início desta época. Este tipo de exibições dão confiança para o futuro. O único senão foi mesmo a derrota. Resta saber se afectará a recuperação psicológica e exibicional que estava a ser realizada e posta em prática. Esperemos que a ferida sare rapidamente e que o Benfica realize, no sábado, outra exibição de grande nível como frente aos gregos, só que com um desfecho diferente, ou seja, que a vitória seja nossa.
Há que levantar a cabeça, lutar contra as adversidades e acreditar que o jogo de ontem será o início de muitas vitórias e de muitas exibições de nível semelhante. A resposta a esta derrota tem de ser dada nas mesmas proporções da exibição, ou seja, brilhantemente. Enzo Pérez tem estado num nível fantástico, Rúben Amorim prova que é sempre um jogador a ter em conta, Sílvio esteve muito bem, Matic começa a voltar às boas exibições, Cardozo tem dado tudo e a equipa, em geral, mostrou, sexta-feira e ontem, sinais de evidente crescimento. A derrota de ontem não pode estancar esta boa fase, assim esperamos todos nós, benfiquistas.
O jogo com o Sporting, para a Taça de Portugal, não será fácil. O Sporting continua motivadíssimo, fruto da boa época que tem realizado. No entanto, com o estádio cheio e jogando no mesmo nível de ontem, penso que o Benfica pode vencer o jogo. Aliás, jogando com a qualidade do jogo da Grécia, diria até que o Benfica vencerá com enorme facilidade. No entanto, a derrota pode baixar, mais uma vez, os índices emocionais da equipa e, com um Sporting motivado, o jogo pode tornar-se extremamente complicado.
Uma coisa é certa, a equipa amorfa, sem crença e vontade que se via, desapareceu em Coimbra e Atenas, o que motiva qualquer um. O que eu e todos os benfiquistas eperamos é que essa nova atitude seja para manter, pois só assim poderemos alcançar alguma coisa esta época. Acção gera acção e uma equipa motivada e forte torna os adeptos ainda mais motivados e mais fortes do que os benfiquistas já são por natureza. Ainda vamos a tempo de, nesta época de 2013/2014 escrever mais uma gloriosa epopeia na vasta e fenomenal História do Benfica.
A subir: Óscar Cardozo. O paraguaio está esforçado e marca golos. Depois de toda a turbulência no início de época, que poderia ter culminado com a sua saída, Cardozo parece determinado em provar que está arrependido pela sua atitude e que joga no Benfica de corpo e alma.
A descer: Joseph Blatter. O presidente da FIFA gozou com Cristiano Ronaldo. A atitude explicou muita coisa. O senhor pode ter as preferências que bem entender, mas seria preferível guardá-las para si, como presidente do orgão máximo de tutela do futebol.
Saudações Benfiquistas.