Escrito por: Cláudio Moreira
Boas notícias, portistas: o martírio desta época já esteve mais longe de acabar. No que diz respeito ao FC Porto, o pesadelo terminou e resta pôr mãos à obra para a próxima temporada; contudo, para além de ver um FC Porto penoso e a não ganhar nada, ainda tenho que suportar o Benfica a eventualmente ganhar praticamente tudo. Ainda bem que é ano de Mundial, sempre ajuda a disfarçar o desconforto…
Esta temporada, tal como os resultados o comprovaram, foi dolorosa sob quase todos os pontos de vista. Foram muitos os momentos maus durante a temporada, mas tenho para mim que ela começou a ser perdida antes mesmo de começar.
O FC Porto vinha de um autêntico milagre concretizado ao minuto 92. Jorge Jesus ajoelhava-se em pleno estádio, incrédulo com o que acontecia. O clube levava a melhor pela terceira vez consecutiva sobre o Mestre da Táctica, a Paula Rego do futebol, o homem que inventou uma Ciência. O FC Porto havia ganho novamente ao tão proclamado “melhor Benfica dos últimos 30 anos” quando perdera nas temporadas pretéritas Hulk, Falcao, Guarin, Belluschi e Álvaro Pereira, executantes de primeira água. O FC Porto passava por cima do Benfica tendo no banco um treinador desacreditado (que saudades devem ter dele agora…).
Portanto, o que se depreendeu no clube de toda esta situação? Se um pirralho com um penteado esquisito, treinado por um tipo de Espinho que alegadamente não percebe nada disto, consegue desmoronar o “melhor Benfica dos último 30 anos”, então qualquer coisa serve. E foi isso que aconteceu. O clube desleixou-se, ignorou os sinais negativos, embandeirou em arco o feito milagroso, criou inclusivamente um espaço no Museu para picar o adversário, e pensou que daqui para a frente era tudo favas contadas; em suma, o FC Porto benfiquizou-se, usou da prepotência para se promover e os resultados estão à vista: uma vitória na tradicional Supertaça e uma maré de derrotas daí para frente.
Por isso, na temporada seguinte, teremos uma prova de fogo, seja qual for o destino de Jorge Jesus (como as coisas mudaram de um ano para o outro…). O Benfica tem, por muito que me custe admitir, um plantel bem superior ao do FC Porto, a estratégia de dramatização de Bruno de Carvalho vai continuar e o FC Porto teve um ano horrível, pelo que é imperativo não falhar.
A escolha do novo treinador – muito importante nesta fase – surpreendeu tudo e todos. Julen Lopetegui era um nome algo desconhecido e jamais se falou no seu nome como putativo sucessor de Paulo Fonseca/Luís Castro. Se eu elaborasse uma lista de 50 nomes que me agradassem como treinador do FC Porto, Lopetegui com certeza não estaria incluído. Porém, não me vou atrever a tecer qualquer comentário em relação à sua qualidade enquanto técnico antes de o ver a operar. Concordei e aplaudi a escolha de Paulo Fonseca e deu no que deu, por isso, expectativa zero em relação a este basco.
Em relação ao futuro, Lopetegui terá um trabalho árduo. O seu trabalho não consistirá apenas em delinear tácticas e em definir o melhor 11 para cada jogo. Lopetegui terá em primeiro lugar que recuperar os jogadores psicologicamente depois desta época tenebrosa e formar um grupo que reme para o mesmo lado; depois, terá forçosamente que reforçar a qualidade do plantel, dispensar os atletas que não possuem as valências necessárias para usar a camisola azul e branca e, claro está, saber remediar as inevitáveis saídas, com Jackson Martinez, Mangala e Fernando (o que mais me custa…) à cabeça. Em terceiro lugar, como é óbvio, Lopetegui terá de devolver esperança aos adeptos. O futebol praticado este ano foi terrível, os sectores estavam invariável e completamente desligados e o colectivo teimava em não ser bem sucedido. Posto isto, os portistas precisam de futebol envolvente, apaixonante e atraente. Verão que assistências no estádio serão bem mais simpáticas do que as que foram este ano. Juntando estes três prerrogativas, não duvido que voltaremos a erguer os troféus mais relevantes.
Boa sorte, FC Porto!
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